Leiam até o final, prometo que o que está por baixo do motor é muito importante…

Chegou aquela época do ano que as equipes de fórmula 1 começam a apresentar os seus carros para a nova temporada. O que é apresentado é a casca, sua forma e cores. Não vai além de uma intenção, e fica muito difícil julgar, vendo essa apresentação, qual a real capacidade do carro na pista, qual o seu real valor. Alguns carros lindíssimos não conseguem nem largar, outros não tão espalhafatosos assim fazem muito barulho e tem uma alta performance.
O mesmo acontece com qualquer serviço. Não adianta só ter uma boa identidade visual ou parecer saber o que se está fazendo. Tem que fazer de verdade … Nessa linha, gosto muito de um texto do Bruno Munari, onde ele fala sobre o luxo e menciona que ‘de nada servem torneiras de ouro se delas saem água poluída’. O mesmo vale para qualquer serviço. Seja em grande escala. Seja para start-ups. É importante chamar a atenção, falar bem de si, se apresentar bem. Mas isso não basta. Quando o serviço começa a rodar, é preciso ter conteúdo, é preciso realmente entregar a promessa.
Ano passado fundamos a EISE, primeira escola de inovação em serviços no mundo, com a ambição de marcar época e se tornar um marco no ensino e nos serviços de nosso país e, por que não, do mundo inteiro. Para fazer isso convidamos as mentes mais brilhantes do Brasil para dar aula por lá, e não só isso, para nos ajudar a construir essa nova escola. Alguns nomes tão relevantes como Mário Fioretti, diretor de inovação para a América Latina da Whirlpool, eleita por diversas vezes a empresa mais inovadora do Brasil; Cláudio Pinhanez, doutor pelo MIT e o maior pesquisador sobre Ciências de Serviços do Brasil, há 13 anos trabalhando na IBM Research; João Batista, uma das mentes mais brilhantes, questionadoras e inquietas que já conheci na vida, com uma história tão vasta que fica difícil colocá-lo em uma ‘caixinha’, mas que entre outras coisas, foi o Diretor da Eco ’92, Rafa Vasconcellos, que depois de anos trabalhando no setor financeiro e tendo feito um MBA no vale do silício, voltou para liderar a área de inovação mais interessante do Brasil e saiu para criar uma empresa de investimento em Start-Ups; Ivan de Marco, professor há mais de 15 anos, personal trainer e life coach de executivos e celebridades, uma pessoa acostumada a aprimorar em pessoas o seu lado pessoal e profissional; Denis Russo Burgierman, curador do TEDxSP e Amazônia, que palestrou em um deles sobre Design Thinking lá em 2009, que é também editor-chefe das revistas Super Interessante e Vida Simples da Editoria Abril e autor do livro ‘O Fim da Guerra’, tratando de um dos ‘problemas mais complexos’ da atualidade; José Mello, mente brilhante e pessoa fantástica, recém chegado de um mestrado em Design Estratégico no IIT em Chicago, e hoje responsável por cultivar e cuidar da cultura de inovação de uma das maiores organizações do hemisfério sul; Maurício Manhães, reconhecido mundialmente por suas pesquisas em SDL (Service Dominant Logic), conceito que sustenta o pensamento de nossa escola e que é tema do artigo de marketing mais citado do século atual, escrito por seu parceiro de pesquisas, Stephen L. Vargo; e alguns outros nomes tão ou mais interessantes que deixarei de citar para não tirar o foco do texto, assim como vários professores convidados que trouxeram sua vasta experiência para os nossos exploradores.
Isso é ter motor por de baixo do capô. Isso é ter consistência para garantir que o serviço vendido – uma educação de qualidade, disposta a quebrar paradigmas e apresentar conteúdos e práticas nunca antes abordadas no mundo – realmente seja entregue pelos melhores profissionais que o nosso País tem a oferecer. Para se ter um serviço rodando bem, é preciso ter uma estrutura bem montada, e ter pessoas qualificadas por trás. Me entristece muito ver escolas e cursos pipocando pelo Brasil sem nenhuma credencial, com pessoas ensinando o que nunca fizeram e se aproveitando da ignorância de outras que são um pouco mais novas do que elas no assunto. Isso é perigoso para o nosso país, é perigoso para a abordagem. É principalmente e certamente perigosos para quem vai ‘aprender’.
Escrevo esse artigo pois o que percebo como um ‘modus operandi’ de várias empresas é o ataque direto a seus concorrentes sem fundamentos ou então a busca por enganar seus clientes para os atrair. Tenho visto de tudo: mencionar números e dados errados, criticar posturas que nunca foram tomadas, utilizar técnicas de SEO ou anúncios no Google para buscar tagwords que não fazem o menor sentido para o seu negócio e até utilizar dinheiro de onde não se deve para poder fazer dumping em projetos de inovação. Para um mercado relativamente novo, onde as empresas poderiam e deveriam se ajudar, a briga está saindo das proporções normais de uma concorrência leal. Mais uma vez, uma pena …
Meu desejo para os clientes desses lugares é que, uma vez a corrida se inicie, que ninguém bata (e morra) na primeira curva. E para as empresas de serviço de nosso Brasil, que fique a lição: a casca é importante, mas o que realmente importa é o que roda por trás!