Design Thinking passou no teste. Agora o que?

Hoje Bruce Nussbaum conseguiu o que queria. Publicou um artigo na FastCoDesign com o título “Design Thinking é uma experimento falho. O que vem a seguir?”. Ao publicar esse artigo captou a atenção de milhões de pessoas para falar de seu próximo livro “Inteligência Criativa” (tradução livre) que será publicado ano que vem. Com isso Bruce (que tem uma coluna na Business Week que sigo há alguns anos) se colocou no patamar de pessoas que há muito me deixaram de interessar: aquelas polêmicas que fazem de tudo para ganhar um lugar ao sol e estão sempre procurando “a nova onda”.

Alguém pode até me questionar: “Mas Design Thinking não era (segundo Bruce) também uma nova onda?”. Não! Quem tem trabalhado com o assunto e é bem informado, sabe que o Design Thinking vem tomando forma desde o começo dos anos 90, e isso apenas no nome. O que a abordagem realmente prega, empatia, colaboração e experimentação, nunca deixará de ser importante para nada na vida e tem suas raízes no começo da civilização. Como sempre comentamos com nossos clientes, coloco a questão fundamental aqui para todos:

quando que entender menos meu usuário, envolve-lo menos para me ajudar a alcançar soluções e deixar de testar de forma rápida, fácil e barata meus conceitos fará bem ao resultado final?

O grande problema do artigo de Bruce é que não o vejo falando desses elementos em momento algum. Como se não estivesse escrevendo sobre Design Thinking ou, pior ainda, como se não escrevesse sobre o assunto há alguns anos… Dá até margem para entender que, depois de todo esse tempo, ele ainda não entendeu do que realmente se trata a coisa … – o que, convenhamos, seria uma conclusão bastante triste caso fosse verdadeira. Bruce está tentando dizer que o Design Thinking está morto e que a nova palavra é inteligência criativa mesmo quando todos sabemos que criatividade sem objetividade não serve para nada. Muito pelo contrário: em projetos onde recursos como tempo e pessoas são limitados é preciso saber conduzir muito bem as informações para otimizar e dar suporte a essa “criatividade.”

Bruce Nussbaum usou sua força para tentar criar um novo jargão e tomar para si o crédito do mesmo. Para isso, tentou desacreditar algo que tem sido, sob os olhos de todos, adotado com sucesso por grandes empresas no Brasil e no mundo. Ter um termo que nos remeta a colocar as pessoas no centro de meu projeto, fazendo com que todo o processo seja realizado de forma mais colaborativa e, ok, criativa também, foi um grande passo dado de uns tempos para cá. Tentar destruir com isso só para tentar ser o pai de um novo termo foi um grande desserviço prestado pelo escritor.

Infelizmente acho que ele pagará um alto preço por isso, o que é problema dele e de todas as pessoas que optem segui-lo. Mas essa também é apenas a minha opinião. E que cada um que forme a sua!

2 comentários em “Design Thinking passou no teste. Agora o que?

  1. Fala Luis,
    Parabéns pelo post. Excelente!!!
    Concordo 100% com seu post… inclusive quando comenta que o Design Thinking está pautado em empatia, colaboração e experimentação. O nome pode até cair… mas os valores ficam. Minha empresa é pautada nesses valores e não no termo em sí. Como você mesmo disse, cada um tem uma opinião e respeitemos a opinião de todos. Mas quem sabe o Bruce não mude de ideia com impacto causado.
    Em frente e avante
    Abraços
    Ricardo Ruffo

  2. Luis,

    Texto muito bom!!! É uma pena ver o Nussbaum tomar essa atitude para vender seu livro e seu “pseudo-novo-conceito”. Como é triste também ver empresas e profissionais se dizendo pais de certos termos ou metodologias.

    O Design Thinking entrou para minha vida profissional há mais de 10 anos e acredito que agora é o momento de união, para enfim podermos crescer aqui no Brasil. O que antes era uma teoria, agora vem se tornando uma realidade. Lá fora o DT vem em uma crescente. Aqui ainda estamos dando os primeiros passos.
    Fico com pena de Nussbaum…Irá se tornar caricatura de si mesmo.

    Parabéns pelo texto!
    Vc devia traduzí-lo para o inglês e divulgá-lo.
    Abração

    Érico

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